domingo, 18 de janeiro de 2009

Amanhã!
é o sol que desponta,É a aurora de róseo fulgor,É a pomba que passa e que estampaLeve sombra de um lago na flor.Amanhã! - é a folha orvalhada, É a rola a carpir-se de dor, É da brisa o suspiro, - é das aves Ledo canto, - é da fonte - o frescor.Amanhã! - são acasos da sorte;O queixume, o prazer, o amor,O triunfo que a vida nos doura,Ou a morte de baço palor.Amanhã! - é o vento que ruge, A procela d'horrendo fragor, É a vida no peito mirrada,Mal soltando um alento de dor.Amanhã! - é a folha pendida. É a fonte sem meigo frescor, São as aves sem canto, são bosques Já sem folhas, e o sol sem calor.Amanhã! - são acasos da sorte!É a vida no seu amargor,Amanhã! - o triunfo, ou a morte;Amanhã! - o prazer, ou a dor!Amanhã! - o que val', se hoje existes!Folga e ri de prazer e de amor;Hoje o dia nos cabe e nos toca,De amanhã Deus somente é Senhor
!(Gonçalves Dias)

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